A vergonha que você tinha era minha, não de mim, mas minha
Que eu mesmo não sei explicar,
A lembrança da minha infância no momento é uma nuvem tapando a visão
Tenho mais prazer em lembrar do que ela foi pra mim em dias curtos, do que sobre mim.
Acredito todo dia erroneamente que comecei a entender o trajeto da vida
Sobre a familia, sobre os amigos e sobre as novas despedidas
É exatamente a necessidade de se mostrar vivo e amando a vida que me compõe
Sendo um misto de mentira, verdade e álcool.
Não que eu beba, mas bebo, não pra escrever nem pra me descrever,
É que o álcool faz parte da minha vida de uma forma que nem notava, até hoje.
Nesses meus últimos anos, descobri que a mesa de bar é um consulado universal,
Conheci mais pessoas bebendo cerveja que perguntando onde ficava algum lugar,
Tenho certeza que meu único motivo para viajar é conhecer outros bares,
Mesmo que não beba, é que eu nasci em plena alegria de um novo mundo de contatos
Onde a loira alta de olhos azuis pode ser um pedófilo careca sem dentes,
Não há uma visão além da caixa iluminada, nasci onde a imaginação trabalha muito mais
Onde o pedreiro da atualidade é o Designer, o poeta o redator e o publicitário o engenheiro.
Por isso o gosto pelo novo, o contato com o ser humano, mesmo que quieto, só para observar.
Nasci em plena guerra quente, onde o amor vende, e vende bem,
Por isso essa necessidade em querer sempre mais,
Por isso acho que me apaixono pelas despedidas e fico ainda mais apaixonado pela possibilidade de retorno,
Por isso minha imaginação é o que me sustenta em pé, minhas viagens diárias custam pouco
Talvez muito, mas não tenho a minima idéia desse valor agora.
Sou da geração que diz viver o hoje, que critica a politica mas mal sabe o que cada um faz em seu cargo,
Sou da geração “Lucas Silva e Silva” que parece falar diretamente no mundo da lua
E quando cai na realidade, mal sabe que tudo pode acontecer.
Assim como as demais gerações há suas exceções, poucas mas fortes, que mantém a atualidade viva e acreditando no futuro.
Não sei de qual parte faço, mesmo com os erros do conjunto tenho orgulho de estar aqui agora,
Não sei porque, mas tenho, o tempo tem passado depressa e as maiores conquistas que vivi, talvez sejam invisíveis.
Sei que a todo momento somos outros, influenciados por tudo aquilo que admiramos, somos um reflexo n’água do passado que gostaríamos de presenciar
Distorcido mas parecido, sei que sou agora o que devo ser por tudo que fiz,
Sei que entre a saudade do que não vivi e a vontade de viver, ainda sou a dúvida do que o mundo pode me proporcionar.
Danilo Tavares
Filed under: Durante a tarde surge
Com o tempo me calo, vou tornando o som a minha volta mais de mim, mudo me expresso tão bem quanto antes, minha vida assim como a da maioria dos seres vivos está em constante mudança, o foda é não saber quando isso tudo termina.
Dizem que se preocupar com o fim é uma bobagem e devemos sempre viver o hoje, seja lá como for, irremediável ainda é uma palavra que pra mim não tem serventia, até hoje pelo menos, assim como outras demais, são facilmente substituídas, não sei se é amplidão do meu idioma ou a ignorância de quem tem voltado a ter preguiça de ler, talvez seja o segundo motivo. Tudo isso garantiria a integridade do texto, se não fosse exatamente o avesso, escrevo porque sinto, porque quero e fim. Quando começo a ler ou escrever não existe meio, o fim é o que quero, o mais rápido possível, talvez tenha medo de me apegar ao que falo, talvez ainda seja aquela mania de corrigir infinitas vezes o que escrevo e por isso escrevo, porque pra quem escreve nada é irremediável, pra quem lê… nem sempre.
Danilo Tavares
Filed under: Durante a tarde surge, Músicas | Tags: + 2, domenico, fim de papo, kassin, música, moreno, Wander Wildner
Tomo remédio pra gripe embaixo de chuva
Vitamina C com o peito nú contra o ventilador,
Tomo raiva na rua
Wander Wildner pra não chorar.
Tomo conta de filhos que não são meus
Sou tomado pela consciência de quem não me diz nada.
As vezes a imaginação se põe pra fora
E a razão é nosso subconsciente
Rindo de dentro pra fora.
Na verdade eu não tomo nada
Só Kassin, só Domenico, só Moreno
Só + 2.
Música não sustenta ninguém meu bem.
Danilo Tavares
Filed under: Durante a tarde surge, Pensando sobre, Vendo produto que não consumo | Tags: começar, ficar, ir, nunca terminar, partir, recomeçar, viagem, voltar
Nem ligaria da tua presença coincidir com meus melhores dias
Te leio a distância, demora pra se descrever
E espero.
E eu demoro pra te entender
Fica muda quando sou direto
Finge não ser pra você o que escrevo
Prefere não mais se empolgar
E minha vontade de viajar só aumenta.
Se eu tivesse escolha
Escolheria você
Nas minhas noites de rua, cerveja e sereno.
Talvez fosse uma ótima companhia
Talvez, se fosse uma das escolhas
Nem fosse
E eu esperaria.
Danilo Tavares
Filed under: Cartas, Durante a tarde surge, Músicas | Tags: chuva, laço, passado, presente, sol
A tristeza do passado será sempre a beleza do futuro se guardada com carinho, sempre servirá como inspiração a corações apaixonados. Normalmente a formula do romantismo é essa, a tristeza do que não tem sendo vista como uma possível esperança na alegria de quem procura o amor e se cala deixando-se levar.
Ser um buraco no espaço do tempo nos dá a liberdade de sermos humanos, sermos o que realmente somos, sem notar.
Dias de papel e Chuva – Esculpido em Carrara
Danilo Tavares